Lucro do Banco do Brasil cresce 51,4% e atinge mais de R$ 21 bi em 2021
São Paulo 18/2/2022 – O preço das ações do Banco do Brasil saltaram mais de 4% após a divulgação dos resultados e das projeções para o ano de 2022.
Aumento do lucro ocorreu principalmente por melhores ganhos de tesouraria, menores provisões e maiores receitas de tarifas, conforme é possível verificar no site do próprio Banco do Brasil, explica o investidor profissional Rafael Rueda Muhlmann.
Na segunda-feira (14) o Banco do Brasil divulgou através do próprio site que registrou lucro líquido ajustado de R$ 5,9 bilhões no quarto trimestre do ano passado, um desempenho 60,5% superior ao reportado no mesmo período de 2020. Em 2021, o lucro ajustado foi recorde em R$ 21,021 bilhões, um crescimento anual de 51,4%. O Lucro Líquido contábil somou R$ 19,710 bilhões, que corresponde a um crescimento de 55,2% em comparação a 2020. O retorno sobre o patrimônio líquido (RPSL) ajustado aumentou 4,4 pontos percentuais em doze meses, ficando em 14,8%.
O aumento no lucro do banco estatal ocorreu principalmente por melhores ganhos de tesouraria, menores provisões e maiores receitas de tarifas, destaca Rafael Rueda Muhlmann, que é investidor profissional desde 2011. “Basta consultar a área de relação com investidores no site do Banco do Brasil para ter acesso a todas estas informações detalhadas”, afirma.
Diversas casas de análise reiteraram a visão positiva para o Banco do Brasil, sendo o papel favorito da XP no setor, com preço-alvo R$ 52 por ação, ou potencial de valorização de 55% em relação ao fechamento de segunda-feira. Já para o Bradesco BBI, os resultados foram mistos, apesar do lucro superando as estimativas. Do lado positivo, os ganhos de tesouraria surpreenderam, apesar da contração trimestral impactada por uma base de comparação mais dura no terceiro trimestre.
Além do resultado, o Banco do Brasil também divulgou suas projeções para o ano de 2022. O banco estima lucro líquido para 2022 entre 23 bilhões e 26 bilhões de reais, com expectativa de manter sob controle a qualidade dos ativos e os custos. A receita com tarifas deve crescer em ritmo mais acelerado, apesar da competição ferrenha com fintechs, conforme projeta o próprio Banco do Brasil em documento emitido pelo banco. O destaque ficou para a robusta expectativa de crescimento da carteira de crédito de 8% a 12% impulsionado pelos empréstimos de varejo e rural, o que analistas da XP avaliam que pode ser desafiador, considerando o cenário macroeconômico mais deteriorado. “O valuation está excessivamente descontado, mais ainda quando se considera o ponto médio da estimativa, de 24,5 bilhões de reais e isso coloca o múltiplo preço/lucro do BB em apenas 3,9 vezes, enquanto os múltiplos dos rivais privados Itaú Unibanco e Bradesco são negociados a 8,7 e 6,9 vezes”, afirmaram analistas do Credit Suisse no relatório emitido pela instituição.
Conforme publicação da agência de notícias Reuters, o presidente-executivo do BB, Fausto Ribeiro, também afirmou a jornalistas que o banco vai continuar a reduzir a diferença de rentabilidade que o separa dos rivais privados. Ribeiro disse ainda que o BB vai se concentrar em reprecificar taxas de juros para equiparar com o aumento de custo de captação de recursos. Questionado sobre como o banco pretende atingir a projeção de crescimento da margem financeira em 2022, Ribeiro disse que o BB tem um modelo de originação de operações robusto que leva a uma inadimplência abaixo da média do setor financeiro. Ele diz que pretende crescer com foco de negócios diferente, dando prioridade a linhas com maior margem, como cartões de crédito não consignados. Ele afirmou que soluções de TI adquiridas em 2021 dão espaço para trabalhar no mar aberto “de forma mais sustentável”, sem “tanto receio de fraudes”. De acordo com o executivo, o índice de cobertura do banco dá “margem para poder fazer um crescimento em ativos de maior rentabilidade” em 2022, “queimando em algum momento um pouco dessa gordura”. Mesmo assim, diz que o indicador deve permanecer “um pouco acima da média de mercado”.
O vice-presidente de gestão Forni disse que a margem financeira em 2021 foi em parte consumida pela Selic, que levou à reprecificação da carteira. Agora, diz que o ciclo de elevação está em seu fim, e o banco se beneficia “do barateamento do custo de recaptação da poupança”. Ele afirma que é hora de explorar a cadeia de negócio do agro, nos setores de revenda de insumos e maquinário, por exemplo. Além disso, diz que vê potencial no atacado para explorar a folha de pagamento das empresas e fornecedores, por exemplo. Assim, diz esperar retirar maior margem financeira para o banco.
Na teleconferência com analistas, Fausto Ribeiro foi questionado sobre o pedido de demissão de seu antecessor por conta da movimentação e sobre a continuidade do processo de fechamentos de unidades sob sua gestão. Ele afirmou que o banco adota “ações necessárias” para manter a lucratividade e o atendimento aos clientes. Em março de 2021, o então presidente do BB, André Brandão, se demitiu do cargo após pressões do presidente Jair Bolsonaro, insatisfeito com o fechamento de agências. O processo continuou, no entanto, sob a gestão de Ribeiro.