Quedas de produção e redução de compras da China afetam desempenho da mineração
28/4/2022 –
Mesmo com diminuição nos principais indicadores, o resultado da mineração foi fundamental para sustentar o saldo comercial brasileiro. O saldo comercial mineral (US$ 6,2 bilhões), que é a diferença entre exportações e importações de minérios, equivale a 52% do saldo Brasil (US$ 11,8 bilhões), apontam os dados do 1ºTRIM22. No mesmo período, o setor mineral arrecadou expressivos R$ 19,4 bilhões em tributos e royalty
A China, principal compradora de minérios do Brasil, reduziu em 31% as importações no 1º trimestre de 2022, na comparação com o 1º trimestre de 2021, e em 29%, em relação ao 4º trimestre de 2021. Além disso, a queda na produção mineral brasileira foi observada, principalmente devido às fortes chuvas em Minas Gerais e diversas manutenções em unidades operacionais pelo país. Assim, depois de apresentar números crescentes em seu desempenho nos últimos meses, a indústria da mineração do Brasil passou por um período de baixa nos resultados no 1º trimestre de 2022, comprovando a natureza cíclica da atividade.
Na comparação entre o 1º trimestre de 2022 e o de 2021, estima-se que a produção em toneladas caiu 13%; o faturamento baixou 20%; as exportações diminuíram 22,8%; a arrecadação de tributos caiu 20% (acompanhando o faturamento) e a de royalty baixou 25%, conforme dados divulgados nesta 3ª feira (26/4) pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM).
O IBRAM informa que, entre os fatores que mais contribuíram para resultados inferiores da indústria mineral brasileira, estão: medidas de isolamento decretadas pela China em reação à pandemia de covid-19 em diversas cidades; queda na produção de minério de ferro, devido ao forte nível de chuvas em janeiro em Minas Gerais e desempenho abaixo do esperado em grandes unidades de produção no norte do país; manutenções em unidade produtivas; redução da demanda por minérios pelo governo chinês como medida de controle de preços e queda na produção de aço de várias siderúrgicas chinesas em resposta às medidas de controle de qualidade do ar durante as Olimpíadas de Inverno em fevereiro.
Mesmo com queda nos principais indicadores, o resultado da mineração foi fundamental para sustentar o saldo comercial brasileiro. O saldo comercial mineral (US$ 6,2 bilhões), que é a diferença entre exportações e importações de minérios, equivale a 52% do saldo Brasil (US$ 11,8 bilhões), apontam os dados do 1ºTRIM22. No mesmo período, o setor mineral arrecadou expressivos R$ 19,4 bilhões em tributos e royalty.
Os investimentos do setor mineral em cinco anos, de 2022 a 2026, são estimados em US$ 40,4 bilhões, sendo 46% já em execução. Desse total expressivo, US$ 4,2 bilhões serão investimentos socioambientais e US$ 36,2 bilhões em produção e em infraestrutura. O minério de ferro receberá os maiores aportes até 2026: US$ 13,6 bilhões, à frente de minérios de fertilizantes US$ 5,75 bilhões e de bauxita US$ 5,56 bilhões.
Para os próximos meses, o IBRAM projeta ligeira recuperação dos resultados, em relação ao 1º trimestre de 2022. “Os resultados do 1º trimestre e os volumes expressivos de investimentos ajudam a compreender melhor a importância da indústria mineral para o Brasil. Mesmo quando há alguma queda nos resultados, as exportações de minérios geram divisas das quais o país não pode abrir mão. Daí ser muito conveniente ao país estimular a pesquisa mineral para que possa haver expansão planejada da mineração sustentável e, além disso, precisa haver a consciência de que essa indústria não pode estar exposta a seguidas tentativas de sangrar sua competitividade por meio da elevação de seus tributos e encargos, como se tem observado”, disse Raul Jungmann, diretor-presidente do IBRAM, na apresentação dos dados setoriais.
DADOS DA MINERAÇÃO NO 1º TRIMESTRE DE 2022
• Produção mineral – a produção mineral estimada foi de 200 milhões de toneladas, 13% a menos do que a do 1º trimestre de 2021;
• Faturamento setorial – o faturamento foi de R$ 56,2 bilhões, 20% abaixo do 1ºTRIM21 (R$ 70,3 bilhões) e 31% menor do que no 4ºTRIM21 (R$ 81,5 bilhões);
• Tributos – R$ 19,4 bilhões foi o total de tributos e encargos recolhidos pelo setor mineral no 1ºTRIM22, redução de 20% na comparação com o 1ºTRIM21 e de 31% em relação ao 4ºTRIM21; CFEM – é considerada o royalty do setor mineral. No 1ºTRIM22 o setor recolheu R$ 1,55 bilhão, valor 25% abaixo do 1ºTRIM21 e 36% menor do que no 4ºTRIM21.
• Empregos – Dados oficiais do governo federal (Novo CAGED) indicam que foram geradas 1.048 vagas diretas de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022. Assim, o setor totalizava quase 200 mil empregos diretos em fevereiro.
• Comércio Exterior – As exportações de minérios totalizaram US$ 9,4 bilhões no 1ºTRIM22. Uma queda de 22,8% em relação ao 1ºTRIM21 (US$ 12,1 bilhões) e queda de 21,3% em relação ao 4ºTRIM21. Foram 75,7 milhões de toneladas de produtos minerais exportados no 1ºTRIM22, 11% a menos do que no 1ºTRIM21 e 20,2% a menos do que no 4ºTRIM21. As importações de minérios totalizaram US$ 3,2 bilhões, crescimento de 119,9% em relação ao 1ºTRIM21 (US$ 1,5 bilhão) e queda de 3,1% em relação ao 4ºTRIM21 (US$ 3,3 bilhões).
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