Brasil investirá quase R$ 24 bilhões em transmissão de energia elétrica até 2026
São Paulo, SP 18/1/2022 – Jipes, helicópteros, caminhões de tração especial, animais silvestres são palavras comuns entre os trabalhadores que fazem a energia chegar até as nossas casas.
O plano de investimentos 2022-2026 foi divulgado pelo Operador Elétrico Nacional (ONS) no último dia de 2021. O montante será investido em obras que representam quase 8 mil quilômetros de linhas de transmissão. Instalação de linhas na Amazônia ainda é desafio pelas condições geográficas da região.
Aumentar a capacidade de transmissão de energia elétrica e unir todos os estados brasileiros ao Sistema Interligado Nacional segue sendo o desafio do país para os próximos anos. Segundo o planejamento do Operador Elétrico Nacional (ONS), entre 2022 e 2026 serão investidos R$ 23,9 bilhões em obras relacionadas à construção de linhas de transmissão de energia. Desse total, pelo menos R$ 16 bilhões serão de novas obras propostas no planejamento.
O conjunto de obras acrescenta, segundo o ONS, 7.951 quilômetros de novas linhas de transmissão e 20.046 MVA (megavoltampère) de capacidade transformadora em subestações novas e existentes. As novas devem atender um aumento de demanda estimada em 20% até 2026, em comparação com o ano de 2020.
Um dos desafios das obras de interligação e distribuição da energia elétrica gerada na fonte até a casa dos consumidores é vencer as dificuldades técnicas de engenharia para instalação das torres e linhas de transmissão em locais de difícil acesso e com uma geografia particular, como é o caso da Amazônia, com grandes áreas inóspitas e com regiões que passam quase metade do ano alagadas.
Com mais de 14 anos de experiência em instalação de linhas de transmissão, o engenheiro civil Danilo Mercadante Policastro conhece essa realidade de perto. Ele conta que o trabalho de instalação das estruturas inclui a utilização de vários modais de transporte para conseguir levar materiais de construção e trabalhadores até as áreas onde as torres são fixadas. “Por concepção, as linhas de transmissão de energia devem passar longe de cidades, por meio de grandes latifúndios e florestas. Além do desafio natural de conseguir acessar as áreas onde cada uma das torres de energia é implementada, tendo que andar muitas vezes por quilômetros para desviar de obstáculos, a logística e a disponibilidade de materiais e mão de obra são os fatores que mais colocam em risco um projeto deste porte”, comenta.
Policastro ressalta que, dadas as dimensões continentais do Brasil, há linhas de transmissão que chegam a ter mais de dois mil quilômetros de extensão, exigindo a instalação de torres a cada 500 metros, chegando a ocupar áreas equivalentes a um campo de futebol e altura equivalente a arranha-céus de grandes cidades. “Tudo isso é construído e montado em meio a florestas de difícil acesso, algumas vezes tão difíceis que o transporte dos trabalhadores e dos materiais é feito com auxílio de helicópteros que carregam a todo tempo o que fica no canteiro de obras, inclusive a estrutura que está sendo construída”, explica.
Ainda no caso de obras na Amazônia, o engenheiro civil diz que algumas peculiaridades marcam a instalação de linhas de transmissão de energia elétrica na região. “Jipes, helicópteros, caminhões de tração especial, animais silvestres (onças e cobras peçonhentas) são palavras comuns entre os trabalhadores que fazem a energia chegar até as nossas casas e cruzar em segundos um vasto território”, ressalta.
Atualmente, apenas o estado de Roraima ainda não integra o Sistema Interligado Nacional (SIN). De acordo com o ONS, o SIN é constituído por quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da região Norte. O sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um sistema hidro-termo-eólico de grande porte, com predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários.
Energias fotovoltaica e eólica têm previsão de crescimento até 2025
Além do uso das hidrelétricas, o Brasil tem conseguido aumentar sua capacidade de geração por meio de outras fontes renováveis. O ONS estima que até 2025 haverá um aumento expressivo dessa modalidade de geração. Para o final daquele ano, o Operador acredita que a capacidade instalada do SIN totalizará 191,3 GW (gigawatts), sendo que 36 GW desse total serão de usinas de geração eólica e fotovoltaica. No planejamento apresentado em 31 de dezembro, o ONS esclareceu que para essa geração estimada não são observadas restrições de escoamento de energia.
Conta da energia elétrica continuará alta em 2022
Em relação ao custo da energia elétrica neste ano, os consumidores continuarão pagando a maior tarifa do sistema de bandeiras definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo comunicado divulgado no último dia 12 de janeiro, a bandeira mais cara, a Vermelha, relativa à escassez hídrica, continuará em vigor pelo menos até o mês de abril. Nessa modalidade, ao preço da energia elétrica é acrescido do valor de R$ 14,20 a cada 100 quilowatt-hora consumidos.
Segundo a Agência, os consumidores beneficiados com a Tarifa Social de Energia Elétrica estão isentos da Bandeira Escassez Hídrica e pagam a bandeira tarifária divulgada mensalmente. Em janeiro de 2022, a bandeira para esse grupo é a Verde, que não traz custos para o consumidor.