Mercado second-hand de luxo cresce no Brasil

São Paulo 12/4/2022 – A valorização das peças de luxo tem sido um ponto fundamental para a explicação do crescimento desse setor.

Após percorrer vários países pelo mundo a fora e conhecer as maiores marcas de luxo e suas características, Tatiane Roque, fundadora e CEO da empresa Brechó Closet de Luxo, que já era apaixonada pelo mundo da moda, viu uma grande oportunidade de economia circular: a revenda de itens de luxo. Ao adquirir diversas peças de luxo e estudar sobre cada característica referente a cada marca, Tatiane se viu querendo se desfazer das peças que já tinha para adquirir outras novas, e com isso teve a ideia de começar a vendê-las. 

Nesse tempo vendendo suas próprias peças através de plataformas digitais, ela começou a olhar para esse negócio com novos olhos e viu então uma oportunidade de investir o seu dinheiro. Outras pessoas demonstravam o interesse em vender suas peças através dela, pois já tinha credibilidade no mercado e, então, em 2017 fundou sua empresa Brechó Closet de Luxo.

O mercado de second-hand (em português, segunda-mão) vem sendo cada vez mais explorado e bem aproveitado, pois se tornou uma nova forma de investimento. Clientes de marcas renomadas compram peças de alto valor e após um tempo de uso querem renovar o guarda-roupa, porém não sabem a quem vender, com isso recorrem aos brechós de luxo. Ao “desapegar” daquela peça, recuperam parte, ou até mesmo mais do que o valor gasto nela. “Desapegar em brechós é uma forma de investimento financeiro, pois com os constantes aumentos das grifes, você acaba comprando a peça por um preço, com o tempo a peça se valoriza e quando resolve desapegar, na maioria das vezes acaba conseguindo vender por um preço maior do que pagou quando comprou”, diz Roque.

Foi também com a pandemia de Covid-19 que muitos consumidores foram atraídos pelos brechós e ajudaram no impulsionamento desse mercado, pois houve aumentos significativos nos custos das matérias-primas, causando uma valorização ainda maior e, consequentemente, um aumento na precificação dos artigos de luxo. Esses consumidores ao terem ciência da elevação dos preços, viram nos brechós uma oportunidade de não elevarem seus gastos e ao mesmo tempo manter seus padrões de consumo. 

“Além da questão da escassez e o aumento do valor da matéria-prima também tem a questão da estratégia de exclusividade, que é adotada pelas duas principais marcas que existem no mercado mundial de grifes, Hermés e Chanel, e que todas as demais estão acompanhando para limitar o público que as consome”, pontua Roque. “E são com esses valores aumentando constantemente que entra o papel dos brechós. Em algumas marcas, por exemplo, se você não for cliente antigo e não tiver cadastro com a marca, você não consegue comprar com eles, mas consegue comprar em brechós sem problema algum”.

Dessa forma é possível ver o porquê os valores vêm aumentando tanto e como acabam impactando o mercado financeiro. “O modelo Double Flap da Chanel foi a bolsa que mais se valorizou na história do mundo da moda em tão pouco tempo. Normalmente a valorização acompanhava a inflação, porém não foi o que aconteceu com o modelo desde o início da pandemia, em dois anos a bolsa mais que dobrou de preço, em 2020 custava em média 28 mil reais e atualmente custa 60 mil, isso foi um marco histórico pois nenhuma outra bolsa passou por uma valorização como essa”, diz Roque.

Pessoas que têm o desejo de obter uma peça de luxo, mas não possuem oportunidade de comprar na loja da marca por conta dos constantes aumentos, compram peças autênticas e em excelente estado nesses brechós e realizam seus desejos dessa forma, adquirindo peças para futuramente “desapegarem” e investirem.

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