Brasileiros ocupam mercado audiovisual nos EUA
25/10/2022 –
Segundo especialista, brasileiros que produzem conteúdo nos Estados Unidos colaboram com entretenimento e mexe com a economia do país de forma positiva
Morar no exterior e construir uma carreira de sucesso fora do país se tornou o grande sonho de muitos brasileiros. De acordo com uma pesquisa do Datafolha realizada recentemente, 76% dos jovens dizem ter muita ou alguma vontade de deixar definitivamente o Brasil. Um dos lugares mais procurados para essa mudança de vida é os Estados Unidos, devido às grandes oportunidades de trabalho, ao maior poder de compra, qualidade de vida, entre outros fatores.
Atualmente, os EUA já abrigam muitos brasileiros residentes que têm dedicado seu tempo com a Produção de Conteúdo, especialmente audiovisual, por ser um mercado em ascensão. De forma geral, o país situado entre o Canadá e o México, na América do Norte, é o principal destino dos brasileiros que decidem morar fora, representando 42% dos casos. Em 2020, havia 1,8 milhão de brasileiros vivendo no país, segundo os dados mais recentes do Ministério das Relações Exteriores.
No YouTube, é possível encontrar diversos materiais produzidos por brasileiros que moram nos Estados Unidos, abordando os mais variados temas, mas todos com o objetivo principal de mostrar como é a vida no país. Canais esses que, por apresentarem tal estilo de vida, podem auxiliar os imigrantes ou residentes “de primeira viagem” a melhor se estabelecerem na “Terra do Tio Sam”.
As plataformas de streaming, além disso, têm sido cada vez mais acessadas por cidadãos norte-americanos. De acordo com dados da consultoria Nielsen, 34,8% utilizaram tais ferramentas em julho de 2022, em um total de 191 bilhões de minutos consumidos – um aumento de 22,6% maior se comparado com julho de 2021.
É interessante frisar, inclusive, que, desde junho de 2021, de acordo com um informe oficial do Google, os Estados Unidos começaram a tributar os vídeos on-line de brasileiros publicados na plataforma devido à grande audiência entre os espectadores norte-americanos.
Segundo o comunicado, o Google tem descontado parte dos ganhos de youtubers fora dos Estados Unidos, em uma medida que foi adotada para cumprir uma determinação do Internal Revenue Service (IRS), órgão equivalente à Receita Federal brasileira – dessa maneira, os canais do YouTube têm de pagar até 30% da receita que vier de usuários nos EUA.
Brasileiros em busca do “sonho americano”
As possibilidades de crescimento do mercado audiovisual e entretenimento, apesar disso, são grandes. A produção de conteúdo audiovisual, em temas que podem extrapolar aqueles voltados às dicas para brasileiros, pode ser realizada, também para o público latino, e para os próprios estadunidenses. É o que destaca o especialista em produção audiovisual, artística e entretenimento, Gabriel Costa.
“O profissional brasileiro possui um know how para produção de conteúdo, o que torna o Brasil um grande destaque em produções televisivas, jornalísticas e até mesmo nas telas dos cinemas”, afirma. “Você apresentar seu produto, seu conhecimento para ser expandido em outro lugar, levando qualidade, formação e capacitação, além de crescer, também estará colaborando com o círculo econômico daquela região e até mesmo daquele país”, completa.
Segundo o especialista em produção audiovisual, o número de pessoas envolvidas em uma produção poderá trazer, sem dúvidas, oportunidades de novos empregos e de milhares ou milhões de dólares na economia com os investimentos aplicados.
“Produzir conteúdo na América é juntar o know how incomparável brasileiro em conteúdo e produção com o conhecimento tecnológico incomparável do americano”, afirma ele, pontuando ser cada vez mais comum a “globalização dos conteúdos produzidos”. Para Costa, tal cenário é de “fundamental importância para a aderência ao seu produto”, aumentando inclusive o consumo do conteúdo pelo público americano.
Para tanto, pontua ele, é necessário aumentar a troca entre o profissional brasileiro e o americano. Saber falar inglês, sem dúvidas, é um diferencial. Gabriel Costa descreve esse “networking” como um encontro rico para ambos.
“A partir do momento em que você tem a oportunidade legal de estar produzindo em solo americano o seu conteúdo, você precisa tirar as limitações da sua mente e se deixar ‘voar’. As possibilidades são inúmeras”, diz ele, frisando que há uma série de youtubers, por exemplo, que produzem conteúdos “de brasileiros para brasileiros” que estão no Brasil e que querem ou sonham conhecer os EUA e passar férias. “Existem brasileiros em emissoras de televisão, plataformas de streamings, rádios, grandes gravadoras e eventos”, disse.
Para o especialista, a língua não necessariamente precisa ser uma barreira, tudo dependerá do objetivo e do foco profissional. “Se você quer produzir para brasileiros, tudo certo. Agora, se você quer globalizar, que é a tendência de hoje, onde você vá falar algo que interessa a outros vários, uma das primeiras viabilidades que você precisa produzir é o inglês”, afirmou.