Trabalhadores da Volks em layoff retornam ao trabalho após negociação do Sindicato

Cerca de mil trabalhadores da unidade da Volkwagen em São Bernardo, que estavam em layoff (suspensão temporária de contrato de trabalho de até cinco meses), retornarão às atividades na empresa. Os metalúrgicos estavam afastados desde novembro do ano passado devido à falta de componentes eletrônicos usados na produção dos veículos. Com a decisão, negociada com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a planta da Anchieta voltará a funcionar com dois turnos a partir do próximo dia 02 de março.

“Estamos a todo momento dialogando com a empresa e acompanhando o cenário. Para atravessar o período crítico de falta de semicondutores e outras peças em geral buscamos negociações e acordos que priorizassem a garantia do emprego, investimentos e instrumentos como o layoff, que nos ajudam a passar por situações como esta de incertezas, instabilidade econômica e política, e uma pandemia sem afetar os trabalhadores”, afirmou o diretor administrativo do Sindicato e representante dos trabalhadores na Volks, Wellington Messias Damasceno.

Para Damasceno, o retorno do segundo turno é uma boa notícia que traz alento para os trabalhadores, porém o diretor do Sindicato lembra que o setor automotivo ainda vive um momento instável. “Sempre que a produção aumenta é uma expectativa maior de tranquilidade e avanços, mas precisamos estar atentos ao que está acontecendo no país e valorizar nossos instrumentos produzidos a partir de negociações e esforços do Sindicato e dos trabalhadores”.

“Se os companheiros estão retornando agora ao trabalho é porque há um acordo que sustenta, garante e permite que em momentos de queda de produção os trabalhadores não sejam demitidos. E que no momento de retomada eles possam, inclusive, ter perspectivas de crescimento da empresa e outros produtos”, prosseguiu.

 

O dirigente destacou ainda que a volta do segundo turno não é importante somente para os trabalhadores na Volks, mas para toda a cadeia de fornecimento. “Essas empresas agora têm uma expectativa de dobrar a produção e isso também é garantia de emprego e até mesmo em alguns casos de contratações”.

Atualmente a Volks possui cerca de 8 mil trabalhadores diretos.

 

Crise dos semicondutores

A escassez de semicondutores não está afetando somente o mercado automotivo, mas todo o setor de tecnologia, já que o microchip é utilizado também na fabricação de computadores, celulares, videogames e televisores.

Segundo o sindicalista, o Brasil é refém de outros países e muitos componentes já poderiam ser produzidos no país se houvesse, de fato, uma política que privilegiasse a indústria, a geração de conhecimento e emprego nacional.

“Esses países estão privilegiando suas próprias produções, para depois exportar. Estamos ficando no final da fila. O papel do Sindicato é debater com as empresas a importância de valorizarem e privilegiarem a compra local, como também propor a discussão que fazemos com universidades e governos para o desenvolvimento de políticas públicas que deem conta de fazer uma reconversão estruturada para a atuação nesses nichos de mercado e ficar menos dependentes da importação, muitas vezes de insumos básicos de produção”, ressaltou.

 

Foto: Reprodução

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