Escritor e filósofo brasileiro diz que é hora das igrejas e templos pagarem seus impostos

16/2/2017 –

No Brasil existe mais de 2 milhões de igrejas e templos, que arrecadam em nome de Deus uma fortuna de seus fiéis e o número não para de crescer no seio de uma população cada vez mais distante do conhecimento. O crescimento dos evangélicos nas últimas décadas é confirmado pelo IBGE, que aponta para cerca de 42,3 milhões de adeptos em 2010, dados que indicam que poderão ser mais da metade da população brasileira em 2020.

Para o filósofo Frederico Rochaferreira, autor de “A Razão Filosófica”, todos estamos pagando os privilégios especiais concedidos a um sem número de vendedores da fé:

“__ As casas religiosas, apesar do trabalho social que realizam, não podem ficar isentas de impostos, são casas de negócios e lucrativas, portanto, devem prestar contas de seus lucros. Não é correto isentar de impostos, esse próspero comércio religioso. Para o fato dessas instituições se ancorarem na premissa de prestadoras de serviço social, o imposto recolhido teria como destino, a educação, desse modo, as instituições estariam verdadeiramente contribuindo para erradicar o obscurantismo. Não é ético nem moral que templos religiosos sejam sustentados pelos mais humildes em sua credulidade e não é justo que paguemos os seus impostos. Dados da Receita Federal indicam que no Brasil as igrejas arrecadam cerca de R$ 60 milhões diário, isto que dizer que o Brasil perde por ano, cerca de R$21,5 bilhões de sua economia.”

Os números citados por Rochaferreira, parece não incomodar os senadores. Não bastasse a isenção de impostos, o Senado em março de 2016, aprovou por 55 votos favoráveis e nenhum contra, a proposta de emenda à Constituição que isenta templos religiosos, de qualquer denominação, do pagamento do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). A justificativa do relator do projeto, senador Marcelo Crivella, hoje Prefeito do Rio de Janeiro, foi de que; “a criação de obstáculo para o exercício das religiões, mesmo que por meio da exigência de impostos, não é interessante, pois, como se sabe, as igrejas cumprem papel social extremamente relevante e indispensável para um país tão desigual como ainda é o Brasil”.

Segundo Frederico Rochaferreira, Marcelo Crivella não fala como um político preocupado com causas sociais, mas como porta voz de sua igreja e assim muitos outros, infiltrados nas Casas Legislativas. Diz o filósofo, que a religião hoje não cumpre mais o papel civilizador de que foi protagonista.

“__ O papel social que nos dias de hoje deve caber às igrejas, é o de fomentar valores probos, não mais difundir a credulidade, deve voltar a religião às primeiras origens e trazer de volta o objetivo primeiro para que foi criada, isto é, civilizar o homem primitivo dando-lhe uma formação ética. O homem já está civilizado, as instituições de direito bem estabelecidas, o mundo globalizado, portanto as amarras da religião fixando os mais simples de espírito ao primitivismo de dois mil anos atrás, aprisionando-os à crença, cerceando-lhes a liberdade de conhecimento, não faz sentido, o que faz sentido, é a religião voltar-se a uma nova formação ética dos tempos modernos, que o homem insiste em querer não possuir e pela natureza do bem que envolve o corpo da religião, esse objetivo pode ser alcançado e em grande plenitude.”

Frederico lembra que vivemos num país laico, por isso, devemos pensar as instituições religiosas, como pensamos as demais instituições e seria um grande passo, pensar e realizar na frente de outros países, que já estudam firmemente essa possibilidade.

“__ Segundo as Escrituras Sagradas deve-se “Dar a César o que é de César”, o que significa, pagar os seus tributos. Observar pois esta ordenança bíblica deve ser obrigação das casas religiosas e dever do poder público fazer cumprir essa ordenação, simples e clara, a pelo menos dois mil anos.

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