Déficit de profissionais de TI será de meio milhão até 2025
8/6/2022 – As cooperativas e iniciativas afins, inclusive, podem ter um papel significativo nesta formação, além de promover, incentivar e/ou patrocinar
Demanda por profissionais deve chegar a 797 mil vagas nos próximos três anos; para CEO, cooperativas são alternativa para carência de mão de obra no setor de tecnologia
Um estudo divulgado em dezembro de 2021 pela Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais) prevê que a demanda por profissionais nas áreas de software, serviços de TIC e TI In-House no Brasil deve chegar a 797 mil vagas nos próximos três anos. A análise considera elementos como um investimento de cerca de R$ 413,5 bilhões em tecnologias de transformação digital.
A estimativa retrata uma aceleração da demanda por profissionais do setor em relação ao balanço da Brasscom difundido em 2019, que previa 420 mil profissionais entre 2018-2024, conforme publicação do Blog da Conjuntura Econômica, do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
De acordo com o documento, as circunstâncias em torno da pandemia de Covid-19 tiveram um papel decisivo na digitalização da economia. O levantamento chama atenção para o saldo acumulado de empregos nas áreas correlatas de janeiro a setembro do último ano, que foram 123,54 mil, 2,8 vezes maior que no agregado das contratações no mesmo ciclo.
A sondagem da Brasscom também identificou o déficit de profissionais de TI e destacou que as formações presenciais e EaD (Ensino a Distância) de licenciatura, bacharelado e tecnológico em tecnologia da informação e comunicação ofertados no país formam 53 mil pessoas a cada ano, o que corresponde a apenas um terço da demanda estimada de 159 mil vagas até 2025 – o que configura uma carência de meio milhão de profissionais.
Daniel Franco, Diretor da COOIT (Cooperativa de Trabalho de Profissionais de Tecnologia e Inovação), afirma que o setor de tecnologia já está lidando com o déficit de mão de obra qualificada e com a dificuldade na retenção de profissionais. “Hoje, muitas empresas têm dificuldade em flexibilizar um plano de carreira, os negócios veem a qualificação do colaborador como um risco de investimento, atuam com baixa margem de competitividade e têm dificuldade em localizar os profissionais certos e gerenciá-los”.
Franco diz que a pandemia acelerou a expansão do mercado tecnológico. “Chegamos em um patamar de evolução que os estudiosos chamam de ‘4ª Revolução Industrial’, ou ‘Indústria 4.0’ – que engloba a Internet das coisas, Big Data, Inteligência Artificial, Robótica Avançada e Cyber Segurança”, articula. “As mudanças já ocorrem em todos os setores do dia a dia, como podemos ver com assistentes virtuais que chegaram no mercado nacional nos últimos anos, como é o caso da Alexa, da Amazon”, acrescenta.
O diretor destaca que existe uma dificuldade em reter bons profissionais de tecnologia, seja nas empresas que possuem setor interno de TI, ou que atuam com serviços de tecnologia. “Com a alta demanda e a dificuldade em captar e gerenciar profissionais, muitas empresas têm optado por terceirizar determinado projeto ou o setor inteiro”.
Para mitigar esse déficit, prossegue, é necessário fomentar a qualificação dos profissionais e estimular metodologias e formas de trabalho motivadoras, fazendo com que o interesse pelas áreas tecnológicas acompanhe a alta demanda. “Além, claro, de buscar soluções alternativas, como é o caso das cooperativas que reúnem profissionais de diversas especialidades, fomentando a evolução profissional”, diz ele.
Cooperativas podem ajudar
Na visão de Franco, é preciso formar novos profissionais com qualidade, pensando nas novas tecnologias e demandas, as chamadas “profissões do futuro”. “As cooperativas e iniciativas afins, inclusive, podem ter um papel significativo nesta formação, além de promover, incentivar ou patrocinar. No entanto, somente a formação não é suficiente, é preciso tornar o trabalho motivador, com boas perspectivas para o profissional, não somente na questão financeira”, expõe.
“O profissional cooperado, que muitas vezes já possui uma boa colocação profissional formal, mas tem períodos de ociosidade ao longo do dia ou noite, pode utilizar este tempo disponível para atuar na demanda que se identifica e tem as habilidades necessárias”, pontua.
Futuro a médio e longo prazo
Na análise de Franco, a médio prazo, deve haver um aumento significativo do déficit de profissionais de tecnologia, com a continuidade do problema de profissionais defasados, afinal, os cursos de formação precisam se ajustar com as novas tecnologias, uma vez que o mercado continuará em expansão e evolução.
“Já a longo prazo, teremos um divisor de águas: praticamente todas profissões terão uma vertente tecnológica, fazendo com que todas as pessoas precisem adquirir um certo conhecimento em programação e tecnologia em geral. Caso contrário, ficarão defasados, seja qual for a sua área ou profissão”, conclui.
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