Anfavea e cegonheiros comemoram novo acordo do Mercosul com União Européia
O acordo comercial histórico firmado entre o Mercosul e a União Europeia foi recebido com entusiasmo pelo setor automotivo brasileiro. Com cláusulas que garantem proteção à indústria nacional, o objetivo é promover maior competitividade sem expor o setor a riscos econômicos imediatos. O governo brasileiro destacou que, caso as importações de veículos europeus aumentem de forma abrupta, será possível suspender a redução tarifária ou restabelecer a alíquota de 35% em vigor atualmente, por até cinco anos.
O acordo tem um cronograma de redução tarifária adaptado às necessidades do setor. Enquanto a União Europeia vai derrubar 100% de suas tarifas em até 10 anos, no Brasil a liberação será mais gradual, chegando a até 30 anos para veículos com novas tecnologias. Além disso, a desgravação tarifária para autopeças será concluída em um período de 7 a 10 anos, garantindo competitividade à indústria local.
Parte da cadeia automotiva, o Sinaceg (Sindicato Nacional dos Cegonheiros) comemora o desfecho do acordo, após décadas de negociação.
“Este acordo é um divisor de águas para o setor automotivo brasileiro”, diz o presidente do Sinaceg, José Ronaldo Marques da Silva, o Boizinho. “Ele cria condições positivas para ampliação da oferta e demonstra que é possível crescer com responsabilidade e inovação.”
Hoje, a cada dois carros importados para o Brasil que vêm de fora do Mercosul, um foi produzido na China. A Argentina é atualmente a principal origem das importações automotivas brasileiras, com parcela acumulada de janeiro ao final de outubro de 48%, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). A China representou 25% do volume importado no período, ou 93,6 mil veículos.
O acordo permitirá ao Brasil reagir rapidamente caso a competitividade da indústria automotiva seja ameaçada por importações desproporcionais de veículos europeus. A medida leva em conta indicadores como níveis de emprego, capacidade de produção e volume de vendas para garantir que o setor continue gerando impacto positivo na economia.
Além disso, abre oportunidades significativas para exportadores brasileiros. Com 80% das linhas tarifárias eliminadas logo no início da vigência do acordo, produtos de alta complexidade tecnológica, como autopeças, terão acesso facilitado aos mercados europeus. Essa expansão é vista como uma oportunidade estratégica para que o Brasil fortaleça sua posição em cadeias globais de valor.
O acordo ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos dos países envolvidos, o que pode prolongar um pouco sua implementação. No entanto, representantes do segmento veem no acordo uma oportunidade única para alavancar a competitividade da indústria automotiva brasileira.
Foto: Agência Brasil