Europa deve ser exemplo para volta às aulas no Brasil, dizem especialistas
A epidemia parece que está começando a dar sinais enfraquecimento no Brasil, mas ainda com números de mortes e casos em alta. Mesmo com um cenário de estabilidade e queda, a volta às aulas ainda é de dúvida e muita discussão entre pais, profissionais da educação, governos e mantenedores das escolas.
Algumas questões são: É seguro a volta às aulas sem um controle efetivo da doença? Os alunos transmitem mais ou menos o vírus? O que fazer se uma criança ou profissional for testado positivo? São respostas que ainda temos. E não é apenas no Brasil que as dúvidas permanecem.
No Hemisfério Norte, o calendário escolar é diferente. O início do ano letivo é em setembro. O que foi uma vantagem grande para os alunos que pararam em março e foram poucas semanas de atividades online até o encerramento do ano. Depois, as férias. Agora deve acontecer a volta, mas com muitos protocolos e medidas sanitárias. Ainda não se sabe se haverá aumento do contágio ou se vai ser igual, sem impacto algum. Ou, se as medidas de segurança como o uso de máscaras e melhor ventilação realmente foram eficientes. Estas respostas deveremos ter em breve, conforme os países europeus forem retomando as aulas presenciais.
No Brasil, a pandemia chegou no início do ano letivo, fazendo do que as crianças tivessem praticamente todo 2020 de forma online. A possível volta às aulas presenciais em algumas cidades se dará no fim do ano. Para especialistas, esta diferença pode ajudar o Brasil a adotar os protocolos e confirmar se a volta é realmente segura, se é melhor esperar mais um pouco ou ainda se será possível apenas após a vacina. O médico sanitarista e ex-ministro da Saúde Arthur Chioro disse que o Brasil precisa se espelhar na volta da Europa para decidir como será o retorno por aqui e se haverá volta ainda este ano.
“Agora ainda não é hora de voltar. A pandemia ainda está ativa, com muitos casos. Na Europa já há um controle da doença, fica mais fácil colocar as crianças na sala de aula sem risco. A preocupação tem que ser com os alunos, funcionários e familiares”, disse Chioro. Para ele, ainda não há segurança sanitária no Brasil para as aulas presenciais neste momento.
Outro que é da mesma opinião é o biólogo Átila Iamarino. Em seu último vídeo no Youtube, foi claro ao dizer que ainda é cedo para discutir a volta às escolas. A Europa, para ele, também é o exemplo a ser seguido caso a volta seja efetiva e não cause um aumento nos casos da covid-19. Se a pandemia já estivesse controlada ou com uma queda acentuada, realmente a volta às aulas não seria um problema. A própria OMS (Organização Mundial da Saúde) confirmou que a escola não é o principal local de contágio pelo coronavírus, mas quando já há controle da epidemia.
Mesmo assim alguns Estados e cidades já anunciaram a volta. Em São Paulo, o governo autorizou as aulas presenciais a partir do dia 07 de outubro. Mas, com poucas crianças em sala e com todos os protocolos de segurança. O secretário estadual da Educação Rossieli Soares ressalta que nem se apenas um dia as escolas voltam este ano. A preocupação, diz Soares, também deve ser com o psicológico dos alunos. Tanto que serão contratados psicólogos para que haja um acompanhamento dos alunos da rede estadual .
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