Funcionários da Nakata devem fazer greve e pedem negociação
Os metalúrgicos da Nakata, em Diadema, aprovaram em assembleia na manhã desta quinta-feira, 04 de fevereiro, a continuidade do processo de mobilização contra o fechamento da planta. Os trabalhadores produziram em “operação tartaruga”, com paradas ao longo do dia. Com o aviso de greve protocolado na última quarta-feira, 03 de fevereiro, a greve pode ser decretada a partir de amanhã se não houver, por parte da empresa, abertura de diálogo para discutir a possibilidade de permanência da fábrica em Diadema.
“A nossa responsabilidade e preocupação com cada um de vocês é muito grande. Quero parabenizar todos que estão seguindo as orientações do Sindicato, vamos continuar na operação tartaruga”, orientou o coordenador da Regional Diadema do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Antônio Claudiano da Silva, o Da Lua.
O diretor executivo do Sindicato e presidente da IndustriALL Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, ressaltou que a questão deve ser resolvida de forma conjunta e apresentou números que provam que o lucro da Nakata estava em alta, o que não justifica a saída da região. “No último período só tínhamos notícias boas. O Grupo Randon, dono da Nakata, declarou que a produtividade melhorou nos últimos anos chegando a 88%. Só em 2019, o faturamento foi de R$ 515 milhões, o lucro líquido de R$ 67 milhões. Isso num momento que a indústria brasileira estava indo mal, é preciso lembrar que mesmo antes da pandemia o PIB do Brasil já era negativo. Então o que justifica fechar uma planta dessa? Não tem lógica”.
O dirigente também ressaltou que é preciso cobrar os governos. “O governo estadual vê mais uma empresa saindo de São Paulo e não esboça nenhuma reação. Vão deixar ficar desmontando desse jeito?”, questionou. Ele criticou também a falta de política em nível federal. “Além do emprego, tem a contribuição que as empresas fazem para financiar o estado, política pública, educação, saúde e segurança. Se não tem trabalhador industrial, quem atua no setor de serviços é afetado, porque o desempregado não vai consumir. Cada R$ 1 investido na indústria gera R$ 2,40 na economia”, explicou Aroaldo.
“Mudar de um estado para outro não é política industrial, é carnificina, você mata uma região em detrimento da outra. A gente tem que fazer o Brasil crescer de forma geral e tem espaço para isso. Temos que pegar essa luta da Nakata e de tantas empresas aqui e transformar na luta de todos os trabalhadores do Brasil”, concluiu.
O vice-presidente dos Metalúrgicos do ABC, Claudionor Vieira, destacou a importância da solidariedade para fortalecer a luta e cobrar providências. “Uma das coisas mais importantes no conjunto da classe trabalhadora é a solidariedade. No sistema capitalista de produção não existe sensibilidade humana. A única forma de resistir é apor meio da solidariedade entre os trabalhadores”.
Claudionor também destacou a qualidade da mão de obra na região e criticou a postura da direção da fábrica. “Sabemos que poucas regiões deste país têm uma mão de obra tão qualificada como a região do ABC. Esta empresa ainda tem tempo de fazer uma reflexão e ficar aqui com o que ela tem de melhor que é o conjunto de trabalhadores. Vamos fazer tudo o que for preciso para garantir a permanência da empresa e os empregos. Sabemos que não é fácil porque eles não se contentam em ganhar muito, eles querem ganhar tudo, querem levar a empresa para um lugar onde os trabalhadores tenham salários menores e assim eles aumentem ainda mais seu lucro”, reforçou.
Foto: Adonis Guerra