Economia

Justiça aceita falência da Pan, que será lacrada

Justiça aceitou nesta segunda-feira, 27 de fevereiro, o pedido de autofalência da Chocolate Pan, de São Caetano. A decisão foi do juiz Marcello do Amaral Perino, da 1ª Vara Regional de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem de São Paulo. E empresa passava por recuperação judicial desde 2020, mas não conseguiu pagar as dívidas. O próximo passo será lacrar a fábrica e vender os imóveis, maquinários e equipamentos, avaliados em cerca de  R$ 182 milhões para pagar os 52 funcionários e credores.

Na decisão, o juiz aponta o fato de há mais de 20 anos a empresa passar por dificuldades e não conseguir recolher impostos e pagar suas dívidas. No pedido de autofalência, a Pan queria um prazo de 90 dias para que tentasse se reestruturar na Páscoa e Dia das Mães, datas que incrementam o setor de chocolates, mas não foi aceito. O juz completa ainda dizendo que não há pedido de negociação ou parcelamento das dívidas até o momento.

Fundada em 1935 com o lançamento do Cigarrinho de Chocolate, atualmente chamado de lápis, e as balas Paulistinhas, a empresa atualmente corria por fora do setor, apostando em pães de mel, pipocas, granulado e as também tradicionais moedas de chocolate.

Até 2016, já em crise, a empresa era familiar. Neste ano foi vendida para o Grupo Brasil Participações, que tentou adotar uma administração profissional. Mas também não conseguiu superar os problemas.

Há alguns anos, ao entrevistar um dos diretores da Pan, ouvi que a empresa não conseguia emplacar os produtos nas grandes redes de mercado,  motivo que era apontado como um dos grandes problemas da empresa. Ao visitar a fábrica, o que mais chamava a atenção era a falta de modernização. Os equipamentos eram antigos e a produção chegava a ser artesanal.

Com equipamentos antigos não era possível concorrer as demais empresas de chocolate. O produto da Pan era mais caro pela falta de volume de produção, afastando das gôndolas dos supermercados que optavam em comprar apenas os que não tinha similares. Nem o granulado que por décadas reinou sozinho, é mais encontrado nas redes e já tem concorrentes no lugar.

Diferente da Garoto, também familiar, que soube manter a marca no mercado com a venda para a Nestlé, a Pan parou no tempo. A falta de produtos modernos, voltados para diversos públicos, e o preço alto e a ausência de campanhas de marketing foram fatores que afastaram seus chocolates das novas gerações.

Para tentar se reestruturar e driblar a dificuldade de colocar seus produtos nas grandes redes de supermercados, a Pan abriu diversas lojas próprias, mas que também foram fechadas antes da pandemia.

 

Foto: Reprodução

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