Mercado imobiliário está com oportunidades em tempos de juros altos, diz advogado
Em um cenário de juros elevados e incertezas econômicas, o mercado imobiliário está com alguns desafios e, ao mesmo tempo, oportunidades para investidores atentos. A alta dos juros pode ser favorável para a aquisição de ativos a preços reduzidos, especialmente por conta do endividamento de empresas e da dificuldade dos fundos imobiliários em captar recursos.
De acordo com dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) houve um crescimento de 19,7% das vendas no mercado imobiliário no ano passado, mesmo com os juros em alta. Além disso, o censo do IBGE de 2022 apontou que houve um aumento de 40% no número de imóveis em construção ou em reforma no país, quando comparado com os mesmos dados de 2010.
Só no ano passado, o volume de lançamentos realizados em São Paulo foi recorde, segundo o Secovi-SP, sindicato que representa o setor imobiliário. Chegaram ao mercado 104,4 mil novas unidades habitacionais, 43% mais do que em 2023 e 28% acima de 2021, ano recorde até então.
O advogado Daniel Lopes, sócio do escritório APH Advogados, no entanto, faz um alerta. “A segurança jurídica é essencial para proteger compradores e investidores contra riscos nesse contexto”, analisa. Ele destaca que a estruturação cuidadosa de contratos é fundamental para assegurar os direitos das partes envolvidas. Algumas cláusulas específicas são indispensáveis. “Essas garantias criam uma base sólida de segurança jurídica e financeira, protegendo todas as partes envolvidas contra imprevistos e assegurando a conformidade com os compromissos contratuais”, reforça Lopes.
Outro ponto é a compra de imóveis oferecidos a preços reduzidos em função da crise econômica. O advogado recomenda uma due diligence rigorosa, incluindo a verificação de documentos, certidões negativas e possíveis ônus ou gravames, avaliação do estado do imóvel para identificar eventuais passivos ocultos ou vícios estruturais e a investigação da idoneidade e saúde financeira do vendedor ou incorporadora. “A análise cuidadosa minimiza os riscos de adquirir um imóvel com pendências fiscais, trabalhistas ou ambientais que possam comprometer o investimento”, afirma.
Tendências e estratégias
O cenário de juros altos também impulsiona novas tendências no setor. Imóveis compactos e funcionais, ideais para famílias menores ou locações de curta duração, estão em alta. Além disso, condomínios que oferecem infraestrutura diversificada, como coworkings e áreas de lazer sustentáveis, atraem compradores e investidores. A digitalização do setor também é um diferencial, com ferramentas como contratos eletrônicos e vistorias virtuais simplificando as transações.
Para obter vantagens na negociação de imóveis, Daniel Lopes sugere estratégias como negociação de descontos para pagamentos à vista, cláusulas de carência inicial, especialmente em contratos de locação comercial, previsão de descontos progressivos em contratos de longo prazo e amortização antecipada para reduzir o saldo devedor. “Essas práticas podem trazer benefícios financeiros significativos, desde que bem negociadas e formalizadas nos contratos”, analisa.
Imóveis destinados à revitalização também requerem atenção especial nos contratos. Cláusulas que definam responsabilidades por custos e manutenção, vistorias antes e depois das obras, e seguros contra riscos estruturais são indispensáveis, na opinião do advogado. No caso de locações comerciais, a definição clara de obrigações e limites de alterações no imóvel pode prevenir conflitos entre proprietários e inquilinos. Para Lopes, a combinação de estratégias contratuais adequadas e análise minuciosa dos negócios pode transformar riscos em resultados positivos.