Paulo Serra, Morando e Tarcísio enforcam trabalho para fazer campanha juntinhos em Diadema
O que uma pessoa comum faria em uma segunda-feira às 15h? A resposta mais lógica seria: trabalhar. Porém, para uma minoria com poder, o correto é: fazer campanha em uma outra cidade.
Sim, ontem, segunda-feira, 20 de outubro, os prefeitos de Santo André, Paulo Serra, de São Bernardo, Orlando Morando, e o governador do Estado de São Paulo, Tarcisio de Freitas, trocaram o gabinete pelas ruas de Diadema. Eles foram pedir votos para o candidato da oposição em plena tarde, às 15h.
Quem viu o trio em cima do caminhão de som decerto imagina que as cidades estão perfeitas, sem problemas, assim como o Estado. Mas São Bernardo enfrenta sérias dificuldades na saúde pública e ainda não tem um prefeito escolhido para 2025, já que a decisão foi para o segundo turno. Santo André também não está perfeita e o atual prefeito, com toda certeza, teria muita coisa importante para fazer.
Já o governador, deixou o trabalho para pedir voto logo após o teto de uma sala de aula da Escola Estadual Professor Antônio José Leite, na Vila Amélia, Zona Norte de São Paulo, desabar e ferir uma aluna. A educação é um dos pontos fracos do atual governo estadual, ou melhor, de praticamente todos, e continua no abandono.
E ainda tem mais, o governador e o prefeito de São Bernardo, tão críticos da Enel que chegam a se exaltar em lives e quando estão em CPIs, que costumam não dar em nada, simplesmente ignoraram no evento de ontem que ainda há famílias de Diadema e da Grande São Paulo sem energia elétrica. Pelo contrário, o clima era de festa, e até o candidato apoiado por eles caiu na dança. No mínimo uma falta de respeito com as famílias.
Tarcísio ignorou também obras do Estado, comandado por ele, que estão paradas em Diadema, como a da Praça da Cidadania, em frente ao conjunto Sanko, no Serraria, que não saiu do papel. O equipamento estadual prometido ficará anexo ao Parque Regional Oeste e era para ter sido entregue em dezembro de 2023. A intervenção está abandonada, sem perspectiva de entrega.
Outro tema evitado por Tarcísio foi a cobrança pela integração tarifária nos terminais Diadema e Piraporinha. O governo do Estado decidiu encerrar o convênio que durava décadas com Diadema para baldeação gratuita nos dois terminais. O prefeito José de Filippi Jr fez série de propostas ao Estado, como assumir a manutenção dos terminais e até mesmo pagar, com recursos municipais, o valor da integração, mas Tarcísio, em um veto político, ignorou as ideias do prefeito.
A vinda de Tarcísio para Diadema é a primeira do governador no ABC nesta eleição e aconteceu três dias depois da visita do presidente Lula à cidade – na noite de sexta-feira, Lula fez comício junto do prefeito Filippi na Avenida Paranapanema, no Taboão, com público estimado de 14 mil pessoas, segundo a organização.
Amigos de novo?
E quem acompanha a política do ABC sabe que Paulo Serra e Orlando Morando não andavam se dando muito bem. Sim, onde um estava o outro não ia. Simples assim. Mas ontem, seja para sair na foto com o governador e mostrar qual o mais influente, para não usar outro termo, apareceram juntinhos, quase abraçados em Diadema. Se vai durar, só Deus sabe mesmo.
Morando sempre fez questão de estar ao lado de governadores, seja qual fosse. Ele tinha até o apelido de “papagaio de pirata”, pois em todas as fotos aparecia no ombro do mandatário estadual. Até ajudar o então governador José Serra a não cair de uma escada rolante há alguns anos ele conseguiu, pois estava imediatamente atrás. E pelo visto, com ou sem cargo público, o atual prefeito de São Bernardo vai estar ao lado, ops, no ombro de quem governar o Estado de São Paulo.
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