Pesquisas eleitorais de S.Bernardo usam Censo de 2010 como base, comprometem resultados e confundem eleitores
As duas últimas eleições foram marcadas por divergências maiores do que a margem de erro nas pesquisas. Um dos motivos apontados pelos institutos foi o Censo, que ainda era o de 2010. Outro foi a mudança dos eleitores causada nos últimos dias. Lembrando, a pesquisa é de intenção, e não de voto consolidado.
Uma boa pesquisa leva em consideração os dados socioeconômicos de cada cidade. Cada bairro tem seu perfil e, consequentemente, um candidato favorito, assim como as características sócioeconômicas leva a escolha de um ou outro postulante ao cargo. Por isso o detalhamento correto dos dados é fundamental.
Para as eleições municipais deste ano, os grandes institutos, como Datafolha e Quaest, por exemplo, já usam na metodologia os dados do Censo de 2022. A importância disso é saber o mais próximo da realidade a composição da população da localidade a ser pesquisada. E isso faz muita diferença.
Entretanto, os institutos de pesquisas que têm atendido ao ABC, contratados por veículos de comunicação ou empresas, ainda não utilizam os dados novos, mas, os de 2010. Com isso, a chance de erro nos resultados é maior. O resultado disso é que cada pesquisa em São Bernardo,aponta cenário completamente diferente.
Analisando pesquisas divulgadas por dois candidatos em julho, uma delas feita pela Real Big Data a pedido da empresa 3 Poderes Midia e Comunicação, sediada em Brasília, usa integralmente dados do Censo de 2010. O detalhamento dos bairros a serem pesquisados são os de maior renda. Nos mais populosos e mais pobres, o número de entrevistas foi menor. Isso pode mostrar o motivo de a candidata Flavia Morando estar empatada na liderança com o candidato Alex Manente.
Já, a pesquisa feita pela empresa ASN Pesquisa, mescla o censo de 2010 com o de 2022, o mais atual. Contratada pelo grupo Diadema News de Jornais, a definição de quantidade de entrevistados por bairro também deixa uma dúvida no ar. A pesquisa ue coloca o candidato Marcelo Lima na liderança, mistura a região central, os bairros Nova Petrópolis e o Baeta Neves e Montanhão em um só bloco. Isto é, a quantidade de pesquisas feitas na nestes bairros é contabilizada com um só bloco. O Montanhão, por ser a área mais populosa da cidade, merecia uma quantidade maior de pesquisas ou ser analisada com um bloco independente, o que não ocorre.
Novas pesquisas
Para São Bernardo, há outras duas pesquisas registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em andamento. Uma, da Real Big Data, prevista para ser divulgada hoje, 02 de setembro. E, se mantida a tendência, a candidata Flavia Morando estará na liderança isolada. Para esta pesquisa, o instituto não divulgou ao TSE os bairros a serem pesquisados.
A outra registrada é do Instituto Paraná Pesquisas, que também usa o Censo de 2010 e não discriminou quantos eleitores serão entrevistados . A pesquisa foi contratada pelo jornal Diário do Grande ABC e a previsão é de que seja publicada no dia 06 de setembro.
As campanhas não se baseiam apenas nestas pesquisas. Elas contam com o serviço de tracking, que faz uma pesquisa diária. Entretanto, como não são registradas no TSE, não podem ser divulgadas.
No registro do TSE, as empresas pesquisadoras justificam que o uso do Censo 2010 é por o de 2022 ainda não estar disponível. Porém, o Datafolha e o Quaest já usam os dados do Censo 2022 para realizar as pesquisas e cometer menos erros possíveis. A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), atualizada trimestralmente, também está nas análises do Datafolha, para aumentar a segurança dos números divulgados.
Qualquer pessoa pode ter acesso às pesquisas registradas, quem contratou, valor, metodologia, quantidade de eleitores e bairros a serem pesquisados. Basta entrar no site do TSE e definir a pesquisa.
(https://www.tse.jus.br/eleicoes/pesquisa-eleitorais/consulta-as-pesquisas-registradas)
Foto: TSE