Prefeito de S. Bernardo sugere que presidente da Enel fique preso até normalização total da energia. Para executivo, empresa não deve desculpas
Após reunião da Enel com o governador e prefeitos da Região Metropolitana que não teve resultado prático algum, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, postou em suas redes sociais, como questionamento, que o presidente da Enel do Brasil, Nicola Cotugno, deveria ser preso.
“Até quando as autoridades vão continuar lenientes? Será que não seria razoável prender o presidente da Enel até que ele pudesse religar todos os lares de São Paulo e devolver energia elétrica? Garantir que todas as escolas, públicas e privadas, voltassem a funcionar, além de todos os equipamentos de saúde. Creio que desta forma, com ele preso, a companhia, pela qual ele é responsável, seria um pouco mais eficiente e menos displicente com a população”, diz o post do prefeito, que ressaltou que por muito menos, “alguns prestadores de serviço público já teriam a prisão decretada”.
A sugestão de Morando poderia ter sido de qualquer pessoa que ficou dias sem a energia e outras que ainda hoje continuam no escuro. Sim, apesar de o diretor-presidente da Enel, Max Xavier Lins, em reunião com prefeitos e o governador ontem, afirmar que hoje todos os afetados pela chuva e ventania teriam os problemas resolvidos nesta terça, 07 de novembro, e a energia reestabelecida, a realidade parece outra. Ao que parece, a promessa não foi cumprida. Há poucos minutos uma família da cidade de Embu das Artes nos informou que continua sem energia, hoje, terça, às 17h43. E como estas pessoas, outras também poderão desmentir a palavra do diretor da empresa.
A reunião de ontem no Palácio dos Bandeirantes, segundo relatos de presentes, foi tensa. Apesar disso, o governador Tarcísio de Freitas aparentava calma e satisfeito com a “promessa” da Enel, que ainda auto elogiou seus serviços prestados durante a crise vivida por diversas cidades da região. “Fizemos um serviço extraordinário”, disse Lins ao vivo para diversas emissoras de rádio, tv e internet. Considerar que mais de 4 dias sem resposta da concessionária é um trabalho a ser elogiado, soa como deboche. Tarcício se contentou em culpar as árvores e em dizer que vai mandar um projeto para a Alesp (Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo) para permitir o manejo das mesmas. Só se esqueceram de culpar Deus e São Pedro desta vez.
Mais tarde, Cotugno afirmou que a empresa não deve desculpas pelos problemas e demora no atendimento aos clientes. Em entrevista à Folha de S.Paulo desta terça, o presidente da Enel disse: “ “Não é para nos desculparmos, não. O vento foi absurdo”. Na mesma entrevista, segundo ele, a empresa sabia antecipadamente que uma chuva forte poderia atingir a região, mas “veio um evento extraordinário”. A declaração soa, ao lado do trabalho “extraordinário” que fizeram, como deboche para os clientes.
“O vento foi absurdo. As medições dão valores diferentes pela cidade, mas foram perto de 104 km/h (quilômetros por hora). Na escala Saffir-Simpson, ventos de 120 km/h são furacões”, destacou para o jornal.
Cotugno disse ainda que os técnicos da empresa ficaram duas horas “fazendo um passo a passo para entender o que tinha acontecido em toda a cidade”, em relação à capital paulista, até concluir que “a situação era dramática”.
Sobre a dificuldade de os consumidores entrarem em contato, o executivo contou que foi devido ao congestionamento das linhas, já que 2,1 milhões de pessoas tiveram problemas com o fornecimento de energia. Mas, o que ele não contou é que muitos clientes da empresa foram destratados e até xingados pela equipe do call center. Se ele puxar as gravações vai descobrir e ver que o atendimento ao cliente não foi tão “extraordinário”.