Projetos arrecadam absorventes para mulheres em situação de rua e vulnerabilidade no ABC

Para a maior parte das mulheres, a menstruação é apenas uma fase chata, mas normal. Pode haver cólicas ou irritabilidade, mas nada que um remédio ou um chocolate não resolvam. Ah, é necessário usar absorvente, item facilmente encontrado em farmácias e supermercados a um custo médio de R$ 10. Mas, você já pensou que há milhares de mulheres e adolescentes que vivem nas ruas? Ou que não têm recursos para comprar o básico? Que não conseguem tomar um simples banho morno diariamente? Sim, elas também menstruam e precisam de higiene e absorventes.

A falta de uma política federal que garanta a distribuição gratuita de absorventes para mulheres em situação de vulnerabilidade fez com que grupos de pessoas se mobilizassem para ajudar esta população. E no ABC há alguns que incluíram nos trabalhos diários a pobreza menstrual.

Em São Bernardo, a ONG Mih de Milena é uma delas. Criada para atender moradores de rua com marmitas quentinhas, em pouco tempo o trabalho também incluiu a distribuição de também cestas básicas para famílias carentes do ABC. E, no dia-a-dia do trabalho, a fundadora da ONG, Silvia Garcia, percebeu que havia muitas mulheres nas ruas, sem condições para comprar um absorvente e garantir sua saúde e higiene íntima. Nas comunidades carentes também é comum o uso de paninhos e até jornais no período de menstruação. Desta percepção, o absorvente passou a ser entregue a cada distribuição de marmitas e de cestas básicas.

“Nós não imaginamos que algo considerado tão simples como absorventes possa ter tanta importância para a mulher que está em situação de rua ou vulnerabilidade. Nós esquecemos que elas utilizam e precisam muito desse artigo. Para quem não tem condições de comprar um pão, gastar R$ 10 em um pacote de absorvente é impossível. Fora o risco a que elas se expõe utilizando outras formas de se proteger durante o período menstrual. Seria fundamental que a distribuição gratuita de absorventes fosse política de todas as cidade. Pois pode não parecer, mas absorventes são itens de primeiríssima necessidade. Só quem precisa e não tem é que sabe”, disse Silvia.

Em Santo André, a professora Carolina Urbani comentou em suas aulas na época do Dia Internacional da Mulher, em 08 de março, de que muitas não tinham como comprar absorvente. E que é comum adolescentes faltarem às aulas por conta disso.  Por trabalhar em uma escola particular, o problema era desconhecido.

Desconhecido sim, mas deixou de ser ignorado. “Era para ser uma ação de conscientização, mas virou uma ação social. Os jovens resolveram arrecadar e doar os absorventes para a ONG TPM, que distribuiu para mulheres de comunidades e abrigos”, disse Carolina.  Para muitos jovens, a ação se tornou permanente, como a doação mensal tanto de absorventes como de dinheiro para a compra do item de higiene pessoal.

E a professora não parou por ai. Em outubro, no mês de conscientização sobre o câncer de mama, ela promoveu entre os alunos a doação de lenços e mexas de cabelos, que foram para o Instituto Amor. “Arrecadamos maquiagem, bijuterias, perucas, itens que permitem a melhora da autoestima durante o tratamento contra a doença. Estas ações mostram a importância de ajudar os jovens a enxergarem a realidade que muitas vezes não é da deles, mas que cria ações para o coletivo”,  destacou Carolina.

A ONG Mih de Milena aceita doações de mantimentos, itens de higiene pessoal, máscaras e vestuário. Silvia destaca que roupas íntimas (calcinhas e cuecas) também são muito necessárias e itens que poucas pessoas doam. Mas, para os moradores de rua que não têm como trocar diariamente, são fundamentais. Quem quiser doar, pode entrar em contato com a ONG pelo whatsapp: 95782-9769.

 

 

 

Foto: Divulgação

 

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