São Bernardo vai inaugurar hospital para covid com apenas 20 respiradores dos 80 prometidos
Respiradores são fundamentais para garantir o tratamento dos pacientes com a covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) que chegam em estado grave aos hospitais e, principalmente às UTIs. No ABC, as cidades fizeram a lição de casa durante o isolamento determinado em março e conseguiram montar hospitais de campanha (como Santo André) e equipar um hospital parado (São Caetano). Mas, mesmo com leitos a mais não conseguem afrouxar medidas já que os casos continuam em expansão e ainda podem causar um colapsos nas redes públicas e privadas.
São Bernardo optou por transformar o Hospital Anchieta, especializado no tratamento de pacientes com câncer, em referência à covid. Mas, os leitos não serão suficientes. Tanto que nesta semana, questionado pelo portal UOL o secretário municipal da Saúde, Geraldo Repler Sobrinho, disse ser contra a flexibilização da economia na cidade, pois a ocupação nos leitos de UTI está em alta. “Abri hospital quinta-feira da semana passada com 19 leitos de UTI e já tem 13 ocupados” disse Repler Sobrinho para o UOL.
Ontem, dia 08 de maio, a prefeitura divulgou que a rede de Saúde de São Bernardo conta atualmente com 258 leitos destinados a pacientes com a covid-19, sendo 190 deles em enfermaria e 68 UTI. Do total, 127 leitos de enfermaria e 52 de UTI estão ocupados.
A cidade, que já soma 83 mortes pela doença, entretanto, anunciou que vai inaugurar o Hospital de Urgência no dia 14 de maio. A previsão e a divulgação para a imprensa é de que irá iniciar os trabalhos com capacidade total, 200 leitos, sendo 80 de UTIS e 170 de enfermaria, que serão usados apenas para os pacientes com a covid-19.
Mas, em matéria levada ao ar ontem pelo programa SP1 da Rede Globo, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, disse que a cidade ainda espera a chegada da maior parte dos respiradores. O hospital conta apenas com 20, que já estão disponíveis para a instalação no local. Porém para os outros 60 ainda não há previsão de chegada.
O prefeito disse ainda, na entrevista para o SP1, que está no aguardo do envio de respiradores por parte do governo do Estado de São Paulo que está vindo do exterior. “Outra alternativa que estamos buscando é tentar comprar de fabricantes nacionais, que nós não estamos conseguindo”, disse Morando. A esperança dele é que pelo menos 40 cheguem à cidade para equipar o Hospital de Urgência antes da inauguração.
A questão da compra dos respiradores está complicada para os países em fase de crescimento da doença, tanto que já vinho sendo avisada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), Ministério da Saúde e mesmo a Secretaria Estadual da Saúde. Há grande procura na China, que teve a produção interrompida durante a pandemia no país, uma disputa internacional, principalmente com os Estados Unidos e, com esse cenário, uma escassez do produto essencial ao tratamento da doença causada pelo novo coronavirus.
Na última semana, o governo de São Paulo teve a compra de 500 respiradores de um compra de 3 mil bloqueada pela China. Porém, nos próximos dias, é esperada a chegada de 1 mil equipamentos para o Estado. O governo não divulgou, porém, para quais cidades eles serão destinados, já que a doença avança rapidamente para o litoral e interior paulista, que contam com estrutura inferior a da Região Metropolitana.
Expansão da doença em São Bernardo
Enquanto o prefeito busca conseguir a compra dos respiradores, a cidade registra um índice cada vez menor de isolamento, tendo ficado em torno dos 47% segundo os dados diários divulgados pelo governo do Estado de S.Paulo (https://www.saopaulo.sp.gov.br/coronavirus/isolamento). Ontem, o boletim divulgado pela Prefeitura de São Bernardo, por meio da Secretaria da Saúde, informou que possui 2.731 casos de covid-19 em investigação na cidade. Até o momento, 749 casos foram confirmados e 83 pacientes foram a óbito. Outros 1.452 casos suspeitos da doença foram descartados.
Conforme boletim da Vigilância Epidemiológica atualizado de ontem, dia 08 de maio, os quatro novos óbitos são de três homens, com 45, 76 e 77 anos, e uma mulher, de 53 anos.
Foto: Omar Matsumoto/PMSBC